domingo, 31 de março de 2019

Memórias e afetos




A Agnès morreu!

Eu chorei um pouquinho na sala escura depois de passear pelas "Praias de Agnès".

Não haveria Agnès na minha vida se você não tivesse adentrado por ela, em uma segunda-feira de manhã com camisa verde, embora para mim você seja feito de azul.

Eu me lembrei de você e foi como se eu tivesse mergulhado no mar da memória e boiado em todos aqueles sentimentos. Eu estava calma. O clima estava quente. Você estava longe, mas eu queria sentir você por perto.

Saudades!

Em 31 de março de 2019, mergulhando no mar da memória!


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Para o futuro

Eu te olho de longe, mas queria você por perto.

Eu já escrevi nos papéis do universo todas as vezes que vou te reencontrar com o meu vestido amarelo hipotético. Ou com o meu biquine amarelo igualmente hipotético. Você vai sorrir enquanto eu danço e vai me abraçar longamente. Eu vou sorrir de volta.

Nos papéis do universo eu também escrevi todas as boas frases inteligentes e espirituosas que direi a você. Minhas observações perspicazes te farão sorrir. E eu terei muitas delas porque eu gosto como você sorri. Ou me lembro que gosto do modo como você sorri.

Vai ser no verão. E os dias serão longos e quentes, propícios aos encontros casuais nas ruas e às poucas roupas.

Eu também escrevi muitos diálogos improváveis nos papéis do universo. E é isso que dizem que temos que fazer quando queremos que alguma coisa realmente se concretize. Eu joguei você para o universo. Eu moldei para o universo como vamos nos encontrar. Eu de vestido amarelo e salto e você vestindo seu melhor sorriso.

E vai ser em um momento improvável e eu ficarei muito surpresa porque sou dada a dramas e hipérboles e achei que nunca mais te veria.

E você sorri.

E eu me dei conta de que gosto de pessoas sorridentes. Mas não que gargalhem muito. Só que tenham um sorriso perene.

Eu escrevi nos papéis do universo como você vai me beijar e tocar minha cintura. E também como vou descansar minha cabeça no seu peito.

Eu escrevi nos papéis do universo e agora vou enviar para você.

Espero que volte.

Em 15 de agosto de 2017, escrevendo, escrevendo, escrevendo...

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Retratos

Parece que estou ficando louca, mas você me olha e sorri na foto do avatar.  Você está congelado, olhando para mim e sorrindo. Eu já disse que gostava do seu riso fácil, embora não tenha muitas memórias do seu riso fácil. Ele está lá, congelado, para a eternidade das redes sociais que duram, exatamente, 30 minutos.

No fundo, bem lá no fundo, eu gostaria que você estivesse sorrindo para mim. A verdade é que você está sorrindo para qualquer  pessoa que veja sua rede social. Não é privilégio. É só você que tem um riso fácil. Imagino que esteja sorrindo, muito, sempre que vê alguma coisa nova no velho mundo. Imagino também a sua mão no bolso.

O curioso é que as lembranças são todas borradas, como se os encontros tivessem se dado com meu olho nu da miopia. Eu só lembro dos borrões. Dos borrões e do riso fácil.

Depois de muito tempo, me senti viva novamente. E, cara, estou pronta para o jogo da vida, para rolar os dados, para cair, levantar e iniciar todo esse ciclo misterioso da vida. Obrigada por isso. Eu não sabia que seria assim.

E é engraçado que isso tenha um contorno tão dramático. Um encontro fugaz. Pouco tempo. Um oceano e dois continentes de distância, se é que essa conta está certa.

O desencontro.

E você sorrindo na foto.

Eu gosto do seu riso fácil. Ou do que lembro do seu riso fácil.

E eu gosto da sua leveza tão real, quanto metafórica.

E isso tudo pode ser superestimado, mas é que nem sempre as pessoas nos fazem sentir viva de novo.

Você me olha fixamente. Eu tenho certeza. E você sorri enquanto me olha.

Eu também sorrio tentando congelar essa imagem.


Você olha fixamente e sorri...

Em 28 de julho de 2017, olhando você sorrindo na foto.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Sobre narrativas e potencial dramático

Perder um amor é, em alguns casos, como a morte. Uma morte metafórica. E é certo que você passa caminhando pela vida como um zumbi. Até que, em um determinado dia, sem passagem de tempo específica (porque não dá para saber mesmo, algumas pessoas não ressucitam mesmo) você volta a se sentir capaz de mostrar seu lado mais bonito para as outras pessoas. Você passa a querer compartilhar seus momentos com outra pessoa. E você até passa a acreditar que a vida possa ser possível com outra pessoa.

Assim como o amor acaba sem horário, sem previsão de tempo, sem aviso prévio. Você também volta para a Copa do Mundo do amor em qualquer momento.

E as coisas na nossa vida só acontecem quando elas tem que acontecer exatamente do jeito que tem que acontecer.

E numa noite de céu mais claro que o habitual porque subiam as lanternas de São João e uma fogueira improvisada espantava o frio displicente eu descobri que estava viva. E ainda estou.

E foi tudo meteórico, intenso, improvisado e bagunçado. E também não havia tempo. E foi bom. E o pulso voltou a pulsar e eu me senti viva.

E, agora, você vai embora.

Sem dramas, por conta da casualidade do encontro. Mas com um potencial dramático tão, tão, tão intenso e que cabe todo no "e se"...

E se tivéssemos nos apaixonado e existisse a urgência da paixão?

A separação é inevitável.

Mas os reencontros também são possíveis. Seremos estranhos novamente?

Eu me tornarei um roteirista renomada enquanto você namora uma moça que parece uma personagem da Zoey Deschanel na vida real?

E se houvesse reencontro? As pernas tremessem e os pares novos talvez interrompessem? E se? E se?

É bom se sentir viva novamente e ter um curta história sem drama, mas com muito potencial dramático.

Em 18 de julho de 2017 contanto os ses....

terça-feira, 20 de junho de 2017

A paixão ou aquilo que nos move

Eu respirei muito fundo e, antes de ligar a roleta cafona das indiretas nas redes sociais, me lembrei desse espaço e de que poderia escrever sobre um tema que acaba indo de encontro com aquilo que eu estava pensado que é como deve ser triste a vida de quem só trabalha por dinheiro. Longe de mim, negar a importância de se ter dinheiro nesse mundo capitalista, mas viver só por isso deve ser uma existência triste e burocrática. Datada também, eu diria, porque o século XXI nos trouxe outras necessidades que não aquelas que podem ser guardadas em bancos ou em cofres e que podem ser contadas.

Por isso eu acabei me lembrando de você, domador das palavras, porque você mesmo sem saber, acabou me lembrando que a paixão é importante. O sonho é importante e que uma existência objetiva é pobre da maneira mais triste.

Foi um tempo bom ao seu lado. Foi curto e, ainda hoje, tenho a sensação de que essa história ainda não está concluída. Pode ser devaneio meu. Pode ser loucura ou pode ser apenas uma ligeira dificuldade em seguir em frente porque você me mostrou que o mundo colorido é muito, muito, muito mais interessante.

Eu sei que já te fiz inúmeros elogios, mas nunca te disse obrigada. E era isso que eu deveria dizer porque você, mesmo sem saber, me empurrou para uma existência mais equilibrada porque adicionou emoção no império da razão que é o modo como eu costumo me referir à minha vida.

Eu agora sonho.
Eu agora imagino.
Eu agora opto por fazer as coisas com leveza e encher a minha vida de paixão. Porque sem paixão não tem sentido.

Em 26 de junho de 2017, experimentando a vida com pitadas de paixão.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sobre efemérides e saudades...



Hoje eu acordei chorando.

Lembrei que o golpe completava um ano. Neste dia, no ano passado, começaram a matar o sonho, embora eles nunca morram.

Neste dia, também, soubemos que enterraríamos um colega querido. Um susto, depois outro susto.

A consagração daquele que, talvez tenha sido o dia mais triste de 2016, veio com o seu adeus. Seco e impessoal.

Coroou um final de semana de notícias tristes, de deseperança.

Eu nunca mais fui a mesma.

Embora eu sorria quando lembro de você. Do jeito que você segurou a minha mão. Da forma como me beijou e de como o tempo parou porque você estava ali. Eu tive certeza de que o tempo pára quando a gente encontra o amor da nossa vida porque o tempo parou quando eu encontrei você.



Eu só sorria porque, enfim, a poesia fez morada em minha vida.

Mas então acabou e foi como se o tempo acelerasse de novo.

Eu sinto a sua falta.

Queria que você soubesse...

Em 17 de abril de 2017 contando os dias.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Sobre o tempo e aquilo que fica...


Todos os dias pela manhã, o palco das maiores disputas esportivas do país era espectador da história que vou contar. Não sei se, as centenas de pessoas que por ali passavam cronometrando o tempo da vida, percebiam aquele encontro. Tivesses olhos e boca, certamente o estádio diria a vocês que ele compunha o grupo de pessoas que se exercitavam. Por outro lado, ela exercitava a gentileza, oferecendo  uma xícara de café. Nos dias de sol, ficavam os dois, sentados, admirando o ir e vir de carros e pessoas. Recebiam a luz solar, responsável por ajudar a fixar o cálcio dos ossos desgastados pelo tempo.

Sorriam.

Se abraçavam.

Se separavam e seguiam os dois, caminhos opostos para as próprias vidas.

Todos os dias, eles faziam tudo exatamente igual. Caminhada, café, sol, abraço e despedida. 

Um dia, a caminhada ficou pesada e o espaço sob o sol ficou tão grande que não abrigou a tristeza que  ausência definitiva do café e do traballho causaram.

Há quem diga que, se o estádio tivesse olhos e boca, todos saberiam que ele ainda se abriga sob o sol, embora ela não venha nunca mais.

Em 13 de abril de 2017, contemplando o tempo e espantando a saudade.